quinta-feira, 31 de maio de 2012

ECOS DA FALTA


Sempre a mesma ausência  
Que preenche os espaços.
O vazio se enche de luz!
Partilhamos o que nos falta.
Quem sabe curamos a alma.
Que eu possa encontrar o rumo.
E que a angústia torne-se calma.


Nathalia Leão Garcia
Rio,  31 de maio de 2012 



sábado, 26 de maio de 2012

DELIRANTES RAZÕES



Seduz a ideia da provocação.
Vários temas para lançar no ar.
Discutir relações e suas levezas.
O insustentável frágil viver.
Sinos e hinos de liberdade.
Soam vozes que entoam mantras
Que nos igualam na busca do bom.
O som dos risos dá o tom.
Partilhar a generosidade.
Porque as águas nos purificam
Tanto as do rio quanto as do mar.

Rio, 26 de maio de 2012.
Nathalia Leão Garcia 



sexta-feira, 25 de maio de 2012

DESATANDO NÓS


O nós pode ser conjugado com liberdade e compaixão.
Sufocação, simbiose alicerces do medo
Sujeição e grilhões formam os nós.
Precisamos nos elevar do chão e sós.
Desnudos e desatados.
Embriagados, despojados.
Plenos de paixão!


Nathalia Leão Garcia
Rio, 25 de maio de 2012.



quinta-feira, 24 de maio de 2012

A DANÇA DO FOGO




É incrível como nos vendem a ideia
De que um casal tem uma evolução linear 
Sem levar em conta as diferenças individuais.  
Grande engano!  
Mantemos as próprias idiossincrasias
A nossa história pessoal. 
Nossas raízes são distintas 
As sementes possuem diferentes ingredientes
Estágios de crescimentos distintos.
Uma prazerosa oportunidade de crescimento
Pode ser proporcionada pelo relacionamento a dois. 
Pode doer às vezes, 
Mas a imagem refletida no espelho que o outro nos mostra, 
Reflete a nossa alma 
Nos empresta significado, 
É mágico!
É muito importante manter a personalidade única, 
Porém também é fundamental 
Fluir com o movimento, flexibilizar.
Pois as certezas nos encarceram. 
Ter plasticidade nos ajuda a suportar os embates. 
Precisamos aprender a desaprender
Estarmos abertos ao novo e ao outro.
É a dança que harmoniza os dois corpos
Num balé hipnotizante. 
Mantêm-se as individualidades, 
Encaixam-se sinuosamente 
As diferentes partes como num puzzle. 
Mas tudo se passa com a leveza das almas
Que se entregam às mudanças, 
Irrefutáveis, inevitáveis. 
Ambos se rendem ao ritmo cadenciado deste bailado
Assim ambos sintonizam a mesma estação, 
Sincronizam os sons.
Sentidos não conflitam.

Rio, 25 de maio de 2012.

Nahalia Leão Garcia 



REPENSANDO AS RELAÇÕES: AMOR X SEXO



  Nestes tempos de crises de valores, há profundas transformações em cena.
  Questiona-se a recorrente separação entre sexo e amor, desde que Freud e a Psicanálise atearam fogo sobre este assunto, passou-se a perguntar como encontrar o equilíbrio.
  Desde os remotos tempos de Sócrates e Platão, idealiza-se sexo e amor conceitualizando-os.
  O amor surge do desconforto, do desamparo, da necessidade de aplacar a dor primordial de expulsão do útero.
  A experiência dolorosa do nascimento, despejo do idílio amoroso com a mãe, nos impulsiona a buscar o retorno ao conforto do contato materno. A trajetória humana em busca do amor para dar fim a sensação de incompletude é uma experiência interpessoal. Dependemos do outro para eliminar a dor do vazio. O amor é o prazer negativo que exclui o desejo, é a paz.
  O sexo já se caracteriza por uma experiência individual e segundo Freud aparece na vida da criança por volta dos dois anos de vida.  Tocando o seu corpo, o indivíduo descobre o prazer independente de um desconforto prévio.  É o prazer individual positivo que vem da excitação pessoal e não precisa do outro.
  A cultura instiga o homem à agressividade e desestimula a sua atividade intelectual.  A agressividade associa-se ao sexo. 
  A sociedade consumista, exibicionista impulsiona o indivíduo para o outro, para a satisfação do desejo, volátil.  É a glamorização do sexo casual que leva ao vazio e à frustração.  Saciado o desejo, resta o tédio ou como hipótese a invenção de outro desejo.
  A atração física privilegia o ser desejável, extrovertido em detrimento do tímido, do ser romântico e sincero.
  A excitação homogeneíza as pessoas. O consumismo desenfreado cria o anseio de ser objeto de desejo.
O elemento táctil, o se apalpar, trocar carícias, abastece o sujeito de si mesmo.
  O desejo se evapora nas relações duradouras, pois não combina com a propriedade. Assim um homem não deseja a sua mulher, pois já a possui.  É a impossibilidade de ter, a insegurança que acendem o desejo.
Nos novos tempos a mulher detém o poder visual, político e econômico.
  A parceria amorosa e sentimental atual evidencia o companheirismo, a cumplicidade e tenta reconciliar os semelhantes.  O amor companheiro, o parceiro como melhor amigo.  Esse é um dos caminhos do novo casamento.
  O anseio por aconchego, pela paz nos faz trabalhar o controle do desejo imperioso. É uma questão de administrar, de introduzir a razão que constrói a disciplina que é a nossa salvação.  Podemos sentir todos os desejos e selecionar o que vamos satisfazer.
  Numa sociedade do descartável, prepondera a caçada em detrimento da caça.
  O desejo se alimenta da novidade, do que reforça a excitação. O conhecimento crescente numa relação duradoura vai soterrando o desejo.
  O matrimônio é o grande inimigo do sexo. É a fragilidade do tesão. Os pensamentos atrelados às obrigações e aos afazeres aniquilam o desejo.
  Quando o homem falha nos primeiros encontros depara-se conscientemente ou não com a valorização da mulher, dessa mulher que lhe inspira o casamento. Nesta fase muitos homens fogem e até verbalizam este medo do compromisso. Na verdade é a possibilidade de aprofundamento que assusta.
  Platão já admitia as diferenças irreconciliáveis entre o amor e o sexo. O amor é sensato, maduro, sublime e espiritual. O sexo é a paixão vulgar, o apetite devastador.
  O casamento em si é frustrante.  Buscamos um novo modelo de intimidade, a construção da amizade entre homem e mulher.  A renegociação do comportamento sexual no casamento pressupõe uma nova combinação em que os cônjuges partilham fantasias e combinam troca de carícias e excitação para viverem o clima de tesão.
  O sexo é a combinação e não o espontâneo. É preciso criar uma atmosfera erótica, cúmplices conversas picantes, erotismo combinado.  A vida sexual baseada na excitação e não no desejo.
   O sexo só assume importância quando vai mal. O amor como protagonista exige ternura e compartilhamento.  O sexo como protagonista leva ao tédio, ao vazio.
  Novos tempos, novos sonhos. Vamos rasgar o verbo e viver as fantasias de comum acordo!



quarta-feira, 23 de maio de 2012

REINVENÇÃO



Reinventar-se.
Jogar fora o que não serve.
Libertar-se do desnecessário.
Soltar o que já não é nosso.
Não há lugar para o apego.
Repovoar os destinos entulhados de lixo.
Somos responsáveis pela faxina.
O encontro com o silêncio nos faz pensar.
Temos que enfrentar os medos
É assustador,
Por isso cultuamos os ruídos
Que mantém as máscaras.

Nathalia Leão Garcia

Rio , 23 de maio de 2012 




quinta-feira, 17 de maio de 2012

MICROCOSMO


Olá moço o que será que será?
Afinal pra quê rotular?
Melhor é se abrir pro infinito!
O vortex, o fênix,
Alfa, Ômega, PI.
Bruxaria e alquimia,
Exoterismo e exotismo
Bhagavad Gita.

Nathalia Leão Garcia

Rio, 18 de maio de 2012.



ALFORRIA


A troco de quê medir a profundidade do mar,
Ou a altura dos píncaros ou dos precipícios?
Quantificar a força das tempestades,
Saber do vento a velocidade,
Tentar calar o lamento, 
Se nem meus vícios controlo?
Pra quê remediar as dores,
Cruzar os portais,
Se o que quero é me esquecer nos corredores?
Largar o excesso de bagagem,
Me abandonar em qualquer porto,  
O meu destino não quero saber!
Ser livre, leve, solta e sem compromisso!
É isso que quero pra mim!



Nathalia Leão Garcia

Rio, 17 de maio de 2012



SÓ BALÕES


Somos especiais pela singularidade
Seres únicos e livres.
Transitamos pela diversidade.
Carregamos a nossa precária condição,
Seres carentes e urgentes de atenção.
Brincamos com os nossos balões
Que representam os nossos desejos,
Que sejam leves e lindos.

Nathalia Leão Garcia

Rio, 15 de maio de 2012.


quarta-feira, 16 de maio de 2012

BELEZA ESSENCIAL

A beleza nos salva e resguarda

Oferecendo conforto aos nossos olhos fatigados.

Precisamos eleger as paisagens que servirão de fundo

Pros cenários que frequentamos.

Afrodite nos livre da feiura

Que massacra os dias.

Deusa da formosura nos inunde com a sua luz!


Rio, 16 de maio de 2012.

Nathalia Leão Garcia 


segunda-feira, 14 de maio de 2012

THE IMMORTAL SOUL


Live a love of solitude made
You do not share yourself
I pretend to play by your side.

I´m an archaeologist trying to open your sarcophagus,
I read the hieroglyphs that not decipher you.
Are you a Sphinx and devours me completely.

Poetry is your best side.
But lives buried in the dust of thy days
Under the rubble of their routine.

I´m isolated miles away from any inhabited land.
The only bridge remaining between us is poetry.
Your diaphanous tissue I can not touch.

You live in somnambulistic state.
I´m the Corpse Bride
I catch meager crumbs.

I try to save me raising my compassion.
Maybe so you do return to the living world?
I hope the triumphal arch could help our ressurection.
Where I´ll wait for you with all my love.


May 14th , 2012.
Nathalia Leão Garcia


SER BÚDICO

Ah se eu pudesse abrir meu coração
Deixar que você me visse por dentro
Sem os filtros dos rótulos preconcebidos!
Se eu pudesse transmitir o meu pedido vão
Sem os ruídos que se misturam das tribos!
Sair dos extremos ir para o centro!
Manter a fronte reta e a postura ereta.
Concentrar-me na respiração.
Se eu pudesse falar com pureza.
Nadar num plácido lago.
Andar com indefectível leveza.
Contentar-me com um só trago.
Levar a vida na flauta.
Voar a cada íntimo afago.
Ser serena apesar da incerteza
Conseguir manter minha mente quieta.
Viver num cantinho lúdico!
Esquecer do que falta.
Virar um ser só de luz!

Nathalia Leão Garcia

Rio, 14 de Maio de 2012.





THE BLUE BOY



Once upon a time there is a blue boy

I used to dream about this little Angel.

Flying stealthy through my nights

And brightening my gray days.

Brushed me with your soft wings

And made me promises.

Offered me smiles and eluded me.

Haunted my ways and escaped.

Beautiful boy all blue!

That´s how I imagined him.

A kaleidoscope reflected his image.

A prism of light that bathed me.

With the projections of his spectrum subtle.

A divine miracle made me guardian and his mother.

This Angel who become a boy.

My dream has become a sweet reality.

I entered the mansion of pure feelings.

Where I live with my little Prince wrapped in blue.


April, 28th, 2012

Nathalia Leão Garcia 



PARA QUE O VENTO LEVE


O amor em forma de poesia,
Colore o cotidiano e o instiga
Insinuando sons e tons
Invertendo a polaridade dos sentimentos
Promovendo a paz desfazendo a briga
Libertando de antigos lamentos
Lançando o espírito às montanhas mais altas
Avistamos paisagens exóticas 
Passeamos por lugares nunca antes visitados.
Toda essa dialética nos descortina 
Possibilidades de ver a vida sob novos ângulos
Nos fazemos mais ricos e generosos
Capazes de olhar o outro com olhos de compaixão.
É isso o que o meu coração carrega
E que derrama sobre você. 

Nathalia Leão Garcia

Rio , 13 de maio de 2012


sexta-feira, 11 de maio de 2012

VERSOS AVESSOS


Meus versos são explícitos, 
Exalam o amor que sinto com intensidade, 
Gritam por socorro e choram de saudade! 
Meus versos não pedem licença, 
Arrombam portas, 
Desabam os portais
Desconstroem as barreiras
E os muros reais.

11 de maio de 2012.

Nathalia Leão Garcia


NODES


The key is not sharing.
I´m the daughter´s fault.
We swim in opposite directions.
At the meeting there is no merger.
We got lost in the gates.
We are distant islands.
Castaways who swim against the current.
Two rivers without tributaries.

Losses and gains sleeps in my bed .
My fragments live in indecent intimacy.
I´m process and transition.
I ´m a patchwork of various sizes.
Immeasurable love without composure.
Expelled arbitrary fear.
But do not fool me his lack of candor.
I don´t wire the wires that weave you.


Nathalia Leão Garcia
May 11th 2012.






ELEMENTARY QUESTIONING

ELEMENTARY QUESTIONING

I invite you to reflect with me
Please help me to inquire.

Where are the kisses?
Torn, tattered, unspeakable!
Where's the sharing and complicity?
Where all this vanity will leads us to?

Where are the altars of our desires?
Why I can´t see me
When I´m thinking about you?
Explain to me why?
If the words were lying?
I don’t recognize me in the framed picture.

Tentative thoughts lurking sanity.
Meanwhile,  downstairs egos are struggling
turning the whole truth
in pleasant lies


Nathalia Leão Garcia
May 11th 2012.




quarta-feira, 9 de maio de 2012

QUESTIONAMENTO ELEMENTAR


Te convido a refletir comigo
Vê se me ajuda a indagar.
Pra onde foram mesmo os beijos?
Rotos, esfarrapados, indizíveis!
Cadê o compartilhamento e a cumplicidade?
Pra onde nos leva toda essa vaidade?
Onde estão os altares dos nossos desejos?
Por que não me acho quanto te vejo?
Me explica a razão, se as palavras mentiam.
Não me reconheço nas fotos emolduradas.
Hesitantes pensamentos rondam a sanidade.
Enquanto isso, lá embaixo egos se digladiam
Transformando toda a verdade
Em mentiras aprazíveis.

Nathalia Leão Garcia
Rio, 10 de maio de 2012


ATROZ E ATRIZ


Aprendi a povoar minha solidão.
Escrevo pros meus amigos imaginários
Os mesmos companheiros fictícios da infância.
Vivo em ponto de mutação.
Sou camaleoa, me desgoverno.
Em busca de abrigo para minha paixão.

Meu sem sentido espera um olhar
Que me empreste alguma ordem.
Que me acolha as contradições.
Espero a conciliação dos impossíveis
Alguma coisa que legitime a minha loucura.
Mas que não tente me explicar.

Me exponho até a extrema brancura.
Não sou beata nem peço licença.
Vivo no limite, por um triz.
Aceito que a mudança me faça eterna criança.
Bom humor, inteligência e uma pitada de pimenta.
Pra eu ser na vida sempre aprendiz.

Nathalia Leão Garcia
Rio, 10 de maio de 2012



NÓS

O essencial não se partilha.
Sou filha da falta que faz.
Nadamos em sentidos contrários.
No encontro não existe fusão.
Nos perdemos nos portões de embarque.
Somos ilhas que se distanciam.
Náufragos que nadam contra correnteza.
Dois rios sem afluentes.
Dormem na minha cama perdas e ganhos.
Meus fragmentos convivem em intimidade indecente.
Sou processo e transição.
Sou colcha de retalhos de vários tamanhos.
Amo desmesurado e sem compostura.
Expulso medos arbitrários.
Mas não me engana a sua falta de candura.
Não me fio nos fios que tecem você.


Nathalia Leão Garcia
Rio, 10 de maio de 2012



terça-feira, 8 de maio de 2012

RE-ENCONTRO

Todas as respostas estão dentro de nós.
Essa corrida é inglória.
A paz é oriunda do encontro a sós.
Quanto mais funda a busca, mais linda.
Como é fantástico o reencontro com o eu
Escuta o silêncio que grita no peito.
É preciso muita escavação pra desbravar o interior.
Celebra a expedição que desenha a sua história!

Nathalia Leão Garcia 
Rio, 03 de maio de 2012.


REMINISCÊNCIAS E ESCRIVIVÊNCIA

                 Carrego em mim a doce lembrança de minha avó materna que me criou. Ela partiu cedo desta vida, mas me deixou de herança s...