sábado, 6 de outubro de 2012

RÉQUIEM PARA UM AMOR FINITO



Quero publicar o meu despertar.
De hoje em diante, declaro-me livre do desespero!
Não aceito mais ser parte do seu entulho!
Não habito mais este navio fantasma!
Busco salvar-me deste naufrágio.
O barco das ilusões afundou.
Vou revelar que saí dos escombros indefiníveis.
Dispo as vestes da escuridão.
Reconheço a fragilidade.
Acolho a minha limitação.
Não há o que fazer!
Declaro que abandonei o que nunca foi meu.
A minha alma baila sobre os precipícios.
Desapego-me do incômodo estreito.
Deixo você na sua zona de conforto.
Sitiado pelo medo que te esconde da vida.
Legitimado pelas preocupações comezinhas.
Blindado na sua insensibilidade
Absolvido pela falta da condição de entrega.
Na ilusória sensação de estabilidade.
Observo o murundu onde você se esconde.
A metáfora perfeita para o que não tem valor.
Não tenho para onde ir.
Recuso-me a sucumbir à banalidade.
E volto a buscar a surpresa dos dias.
Não quero mais recolher estilhaços no caminho!
Guarda contigo as nossas melhores lembranças.
Quero de volta as brincadeiras de criança!
Deixo para ti a poesia que compus.
A linguagem que traduz meu desalinho.
Devolvo para ti as tuas mentiras.
Refaço o cenário para a dança!
Abrem-se as cortinas para a entrada da luz!


Nathalia Leão Garcia 
Rio, 06 de outubro de 2012. 


4 comentários:

  1. Salve Jorge! Bem vindo ao calor do vulcão que derrama suas lavas incandescentes em forma de poesia!Beijos!

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  2. Parabéns pelo poema-desabafo, que explodiu sentimentos em todas as direções. Melhor não compreender as contradições da vida humana, seus erros de dicção, sua pronúncia fora de hora. Melhor dizer o que te aflige, o que não foge ao compromisso de ser mais do que promessa, o que alimenta a liberdade e recebe amor pra sempre.Melhor deixar a madrugada lentamente preparar o tecido das manhãs.

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  3. O desabafo terapêutico cumpre a sua função.
    Explode o vulcão desolado.
    Contradições, aflições, compromissos, promessas, liberdade, amor.
    Pedaços esfacelados de um peito dilacerado
    O que a boca cala a poesia exorta, transborda.
    Alcança o âmago, pra além de qualquer fronteira.
    Dinamita a impotência dos dias sem esperança.
    Nas noites sem canção
    Das mãos trêmulas e espalmadas.
    O ninho estéril, o vórtice do escuro.
    Reverbera a solidão.

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Namastê!

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